Um coletivo horizontal
Nós defendemos que não pode haver a sobrevivência humana e muito menos a conservação do ambiente sem que haja uma relação de respeito e pertencimento entre o ser humano e o bioma onde ele está inserido, percebemos que é preciso criar uma contra-cultura que seja capaz de enfrentar a cultura dominante que vem até hoje destruindo, colonizando e escravizando tanto os seres humanos quanto os outros seres vivos, sacrificando-os ao interesse do mercado, dos Estados e das elites.
O interesse dos privilegiados é manter seus privilégios mesmo que às custas de muitas vidas humanas e não humanas, às custas da destruição sistêmica de todos os biomas.
Nos organizamos de forma horizontal e autônoma a fim de promover a participação ativa das comunidades, sobretudo as mais vulneráveis, nos assuntos que se referem ao bem-estar social e ambiental nas diversas esferas de convivência. Por isso, estamos abertos à participação de todos e convidamos quem quer que seja a fazer parte deste coletivo.
Apoio mútuo é se envolver e se engajar não só nas pautas que te afetam diretamente mas também nas diversas causas, pautas e lutas de outros grupos que busquem a emancipação. O apoio mútuo requer reciprocidade, significa que
ajudaremos e seremos ajudados por outros, com quem nos identificamos e que se identificam conosco. A longo prazo quer dizer que devemos desenvolver uma rede de movimentos horizontais que tenham objetivos em comum e que se apoiem mutuamente, que se solidarizem com as causas uns dos outros. Este é um fator crucial na luta revolucionária contemporânea, significa que nenhum movimento deveria ser feito sozinho, por si só, com apenas um ponto de vista e um objetivo e sim que todos estes devem ser dinâmicos estando abertos a novos pontos de vista mas sem esquecer o essencial, sem esquecer que a luta é contra qualquer forma de autoridade, de opressão, isso também quer dizer que em muitos casos não enxergamos todas as formas possíveis de opressão e dependemos do diálogo com outros indivíduos, coletivos e movimentos para perceber suas causas, suas necessides e agregar isto à nossa vida cotidiana, à nossa luta. Fazendo a nossa luta mais legítima, mais concreta.
Autogestão é a forma de organização adotada por coletivos libertários, onde se procura atender ao máximo as demandas e expectativas de todos os envolvidos no coletivo, as decisões devem ser tomadas majoritariamente através do consenso, evitando as votações, que irão sempre decidir a favor da maioria, o que em alguns casos leva à rompimentos e acaba sendo uma medida autoritária pois nem sempre esta maioria estará correta, decidir pelo consenso significa que cada indivíduo irá buscar compreender as divergências que tem com outros dentro do coletivo e buscar algo que seja satisfatório para todos a partir desta compreensão. Autogestão também significa gerir-se a si mesmo, ter disciplina, ter autocrítica. E a nível de organização significa que as tomadas de decisão devem partir de baixo para cima, de dentro para fora: o indivíduo deve ter sua autonomia de decisão e ação dentro de um grupo, um grupo deve ter sua autonomia perante outros grupos e a junção de vários grupos forma uma federação que também terá autonomia diante de uma confederação e assim por diante.
Agroecologia é produzir alimentos através da compreensão do Bioma onde estamos inseridos, usando as espécies que já são pertencentes ao ecossistema ou introduzindo espécies que não causarão desequilíbrios. Agroecologia é produzir alimento e ao mesmo tempo biodiversidade, o exato oposto do agronegócio. Permacultura é o exato oposto de monocultura.
Sabemos que o ser humano é escravizado pelo mercado e pelo Estado, aqueles que não possuem os meios de produção são obrigados a vender sua força de trabalho, ou seja, porções do seu já curto tempo de vida em troca de dinheiro que será escasso para suas necessidades mais básicas. A única forma de resistir é desenvolver meios de produzir nosso próprio alimento, para que a ameaça da fome não nos obrigue a nos render ao sistema, portanto a Agroecologia está na resistência de base, junto aos mais excluídos, aos marginalizados e utilizando a Terra como forma de resistir e de criar diálogo e autonomia, podemos cultiva-la e distribuir de graça os alimentos, e junto a isso criar solidariedade entre os povos. Ocupando terrenos urbanos ou rurais, tornando-os divulgadores de autonomia alimentar, política, social e cultural. É oferecendo os serviços que tanto o Estado quanto o poder privado negam aos excluídos que iremos convocá-los estar ao nosso lado na luta contra todas as formas de opressão, coerção ou dominação.